2019

Uau, quanta coisa!
Eu amo Beatles. Meu Spotify me disse que foi a banda que mais ouvi esse ano.
Sinceramente?
Apesar de amar Beatles, tenho certeza que não é a banda que mais ouço no dia a dia.
Mas sim, eu sei porque o algoritmo acusou isso. Eu ouvi uma música em especial muitas e muitas vezes em 2019: She’s leaving home.
Essa música me tirou de lugares que eu achei que não sairia. Me deu força para, literalmente, leave home.
“Stepping outside, she is free
She’s leaving home, after living alone, for so many years
Something inside, that was always denied, for so many years
She’s leaving home, bye, bye”
Sim, algo do lado de dentro estava negado, guardado, reprimido. Esse algo é o meu desejo.
Sempre vivendo pelo outro.
E só por ele.
E não com ele, como seria saudável.
So, I left home.
E não, não estou falando só da casa onde morava fisicamente, mas também da casa que fiz de mim.
A casa que eu era. Em mim.
E não, não foi de repente.
Foi como tudo que é feito para durar. Foi uma construção. E no meu caso, eu diria, uma reforma. Das boas.
Mudei.
Não a base.
A minha base descobri sólida. Uma boa notícia.
Porém, percebi que alguns cômodos eu não projetei.
Sabe quando você gosta de casa em conceito aberto, mas te deram uma casa toda planejadinha em cômodos?
Pois é, tive que quebrar paredes. Me descobri mais ampla do que imaginava.
Refiz os cômodos pensando no que eu preciso para a MINHA vida.
Troquei os móveis.
Ainda estou refinando a decoração.
E na boa? De tempos em tempos sempre queremos mudar a decoração. E é isso que me permito agora. Escolher a decoração e a configuração da casa que combina comigo AGORA.
Amanhã? Não sei.
Mas tenho certeza que vou querer mudar mais algumas vezes, pelo menos, a decoração.
2019.
O ano que não descobri o meu propósito e blá blá blá… foda-se tudo isso.
A vida é o que dá, meu amigo.
Mas o ano que descobri que posso ser feliz APESAR DE.
E não só feliz.
Mas também não só triste.
Uma misturinha das duas coisas porque são desses ingredientes que a vida é feita.
Você adiciona açúcar, mas aí vem uma pitada de sal pra equilibrar, porque tudo que é muito doce enjoa e se é muito salgado não dá pra comer.
Entende?
Esse ano, esse mesmo que está acabando, só muda de um dia para o outro. O próximo, famoso 2020, não vai mudar se você não mudar.
Não, desculpe, mas você não vai dormir dia 31 de Dezembro comendo pacas e dia 01 de Janeiro dispostx a uma dieta.
Não. Não é assim que funciona.
É como se fosse, sei lá, 3 de Outubro para 4 de Outubro.
Quem inventou esse calendário que a gente segue não o conectou com a configuração da nossa cabeça. E nem faz mágicas.
Não tem O SEGREDO. Esquece essas bobeiras todas que tem por aí.
Sabe você?
Se olhe no espelho.
Não tem NINGUÉM igual a você. Então como vai existir um segredo que vale pra todo mundo?
Somos únicos. Incomparáveis.
E digo mais, perdi muito tempo de 2019 me comparando a pessoas que eu nem admirava apenas por não saber quem eu era.
What a waste of time!
Quando não se tem referência de si mesmo qualquer comparação é válida. Mas quando você começa a perceber seu valor, qualquer comparação é injusta.
Ninguém é melhor ou pior.
Tudo é sobre ponto de referência. Apenas somos diferentes.
Cada um tem seu valor.
Se abrace na sua unicidade.
E tudo isso é pra dizer que a verdade mora longe da perfeição.
Não tem aqui um discurso de alguém que encontrou a luz. A luz é só na conta da Enel mesmo.
A vida real é construída dia após dia.
Perfeição é algo que não existe e nem queremos, certo?
Aliás, se eu quero alguma coisa com esse texto é que nos aceitemos na nossa imperfeição, no nosso real ser.
Vamos ficar doentes, carentes, precisando de abracinhos.
Mas também estaremos saudáveis, felizes e distribuindo abracinhos.
E no final de 2020, estaremos fazendo essa mesma reflexão e posso afirmar que o ano terá tido UPS and DOWNS, assim como 2019.
Maiores ou menores? Talvez.
Mas sim, terá altos e baixos. Porque a vida é isso.
Faça o que for possível. Não coloque metas impossíveis. Não tente ser quem não é.
É obvio que isso não quer dizer “ah beleza, vou me acomodar aqui então”.
Claro que não.
Seu desejo morreu? Então você morreu.
Não se acomode. Mas não prometa o impossível. Se conheça. E vá em direção de seu querer.
Tudo que eu desejo para nós em 2020 é vida real.
Que a gente sinta a felicidade e a tristeza na proporção que elas mereçam.
Que não tenhamos medo de reformar nossas casas ou, se preferirmos, mudarmos de casa.
A vida é o que dá. E há um montão de coisas criativas para se fazer com ela.