Amar é … expansão!
Temos uma tendência para acreditar que a boa relação amorosa é aquela que as pessoas se entendem porque gostam da mesma coisa.
A maior parte das relações hoje em dia, principalmente nos aplicativos de encontros, são feitas pelo compartilhamento de gostos.
Há ainda, as formas de amar pasteurizadas, onde a pessoa já possui um roteiro pronto da própria vida e o que procura é um “casting” de quem está disposto a fazer parte disso. Alguém que irá fazer esse personagem já projetado do que gostaria de ver no outro. Uma versão de si mesmo. (fuja para as colinas!)
Quando olho para essas situações, reflito o quanto se está disposto e capacitado a amar alguém além de si mesmo.
E gente, estamos cansados de nós mesmos, não é?
Se a coisa mais interessante que o outro vai trazer para nossa vida é a questão de que seremos amados, melhor renunciar a isso.
A união amorosa é expansão e crescimento. Universos diferentes em alguns aspectos, semelhantes em outros, mas onde a busca pela semelhança total ou a convivência com a diferença total são bobagens.
A coisa mais interessante no amor é que ele nos expõe a nos tornarmos outra pessoa e a reinventarmos também o que é esse outro. Aquilo que o outro traz de estrangeiro e de novidade para nossa vida.
Poder conhecer a si mesmo, porque — sabemos — invariavelmente uma boa relação lida com o autoconhecimento.
E o outro é o espelho. Mas o espelho que devolve não o nosso ideal, não necessariamente o que achamos que somos, que gostaríamos de ser ou parecer. Mas sim, a possibilidade de se revelar e conseguir suportar a frustração de se ver diferente do que você imaginava que você mesmo era.
E tudo isso requer intimidade. Algo cada vez mais desejado, cada vez mais fora de moda e cada vez mais difícil de se realizar.
Sempre chegará aquele momento em que a paixão dá uma acalmada, a intimidade vai chegando e o que parece “falho” se sobressai: não é tão belo, não é tão interessante, não é tão eufórico.
Talvez porque… humm… seja REAL?
Nesse momento é que percebemos o quanto estamos inteiros e prontos para uma relação de parceria. Ou somos apenas uma metade a procura de completude através do outro.
É necessário sair do desejo do reconhecimento para o reconhecimento do desejo.
E o amor está ligado ao desejo de expansão, à presença simultânea das semelhanças e diferenças.
Uma doação sem necessidade de submissão.
Tolerância sem necessidade de omissão.
Compartilhar sem precisar se abandonar.
No mais piegas (para a turma de exatas): somar, multiplicar e dividir. Nunca subtrair.
Tenho por mim que um bom indicador de amor legítimo por alguém é o quanto ele nos transforma, o quanto cedemos, vencendo o nosso egoísmo e narcisismo e evoluindo para vivê-lo intensamente.
“O amor não é um contrato entre dois narcisistas. É muito mais do que isso. É uma construção que obriga os participantes a ir além do narcisismo. Para que o amor dure, é preciso se reinventar” Alain Badiou
E pra você, o que é amar?