Minha própria voz

Karien Petrucci
2 min readJan 3, 2023

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Um impulso me coloca em frente essa página em branco.

Eu quero falar.

Eu quero organizar meus pensamentos.

Eu quero ressignificar mais uma etapa da minha vida.

Eu tenho voz. E, além de poder, devo me posicionar. É importante dar nome às coisas.

O silêncio descompensa meus atos.

Se me silencio sobre fatos, implodo.

E explodo.

A razão me falta. Sentimentos se confundem.

Se tornam mal-ditos.

Esse é o processo de perceber nossa própria voz.

Longe de falar sem pensar, mas se permitir falar e, talvez, gaguejar.

Mas falar. E aliviar.

Porque na vida nem tudo faz sentido mesmo e a busca é pelo menor espaço possível entre o dito e o feito.

E isso passa pelo imperfeito.

Que já não deve mais me calar.

Ou me acovardar. Ou me paralisar.

Eu tenho minha própria voz.

E nem todos vão gostar do que tenho a dizer. Inclusive eu mesma me desafio a acostumar com a potência das palavras em mim.

Mas nada me impedirá de falar.

E sem filtros pretendo ir, porque falar não é só permitir, é também limitar o que não faz bem pra mim.

Ter voz não é só sim.

Na verdade, são muitos nãos.

Geralmente, silenciados. Somatizados.

Se apropriar da minha própria voz é respeitar meu espaço no mundo.

Isso pode soar baixinho para você. Saiba, isso grita dentro de mim.

E para além do equilibrio entre o ouvir e o falar, não hesitarei em perguntar: ei, você está me ouvindo?

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