O mergulho

Karien Petrucci
2 min readMay 16, 2023

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Faz dias que meus olhos estão marejados. Lágrimas que escorrem em um ritmo que não consigo controlar.

Respiro fundo. Uma. Duas. Três vezes. Seguro o ar. Conto até cinco. Solto o ar. Talvez acalme. Pouco muda.

O fato é: estou em contato com o meu Eu mais vulnerável e sem muita coragem para mergulhar nIsso. Sempre tive pavor do que não posso controlar. E esse meu lado sombra, quem sabe o que tem lá?

É tão mais fácil racionalizar tudo e encontrar as respostas concretas para as situações. Difícil mesmo é entrar em contato com as nossas emoções. Dificil mesmo é abraçar nossa verdade em sua totalidade sem medo.

Penso que o medo é enfrentar o desconhecido.

Em seguida penso: qual a lógica de o desconhecido de mim ser eu mesma?

Eu sei que nesse momento as minhas emoções estão voltadas a isso.

Eu sei que tudo o que passei nessa vida é parte de mim e negar não é caminho.

Eu sei.

Saber eu sei … de tanta coisa.

Mas eu sinto?

Sentir.

Sinceramente? Faz um tempo que tenho evitado.

É que eu sei que o mergulho é em águas profundas. As águas profundas são mais escuras, possuem menor visibilidade. É preciso ir até lá pra ver a beleza que não é visível da superfície.

Ficar na superfície é ter uma visão comum. Em águas profundas está a beleza que poucos se atrevem.

Tão mais fácil pedir pra subir com medo do fôlego acabar.

Tão mais difícil encarar a possibilidade de perder o fôlego e ter que continuar a nadar.

Mergulhar um pouco mais fundo por querer viver mais.

Mergulhar para novas perspectivas, um outro ponto de vista.

Mergulhar para expandir a visão de mundo. A visão do Eu.

E, talvez para isso acontecer, seja necessário morrer um pouco mesmo. A morte do que parecia ser o único mundo possível.

Já não é mais.

Há muito mais.

Há de haver mais.

Então, eu mergulho.

É preciso coragem e uma certa intimidade com o medo.

O oceano é feito de águas claras e escuras.

E a gente até pode tentar ignorar as águas profundas, mas elas estão lá.

E quando ouso me questionar se estaria pronta para mergulhar, só posso concluir que todas essas lágrimas, essas águas, essa mágoas, essas má-águas só querem me mostrar que O MERGULHO JÁ ESTÁ ACONTECENDO.

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